um projecto que reúne infografia aplicada à astrologia e estudos em torno do tempo
raio de seda
tempo circular
O tempo no contexto da astrologia psicológica e transpessoal:
percepção, representação, significação.
Este projecto começou no início de 2013, com o desafio de realizar uma transcrição gráfica de efemérides para uma matriz circular, tomando formalmente a aparência de uma mandala. Esse primeiro passo materializou-se na concepção e desenho da ‘Mandala Astrológica 2013’.
Esse desafio veio associado à busca de reflexão e estudo acerca da relação da astrologia com diversas faces do tempo, uma vez que este sistema contempla a observação de vários ciclos, ritmos, etapas, fases, e de distintos períodos e idades ao longo da vida, assim como um acompanhamento dos processos de experiência potencializados a partir da base cármica do ego e da personalidade, simbolizada no mapa de nascimento.
Tanto de um ponto de vista objectivo e contextual, como de um ângulo mais interior e subjectivo, o olhar astrológico do tempo pode facilitar uma abertura ao entendimento significante e qualitativo daquilo que muitos sentem como uma incessante sucessão de experiências e acontecimentos, como um encadeamento de acções e reacções e de aparentes causas e efeitos – por vezes inesperados ou caóticos -, abrindo a consciência para uma visão integrada, que permite um vislumbre da existência ligada a um sentido e a uma ordem maiores. Esse olhar integrador facilita a compreensão de que um nível transcendente se reflecte no rumo que a Vida nos estimula e revela passo a passo, por dentro, de um modo totalmente único para cada um, e que nós entrelaçamos com as decisões e escolhas vividas no exercício da ferramenta cármica a que chamamos livre-arbítrio.
O ‘Tempo Circular’, enquanto núcleo projectual, abriu desde logo o campo para trabalhar ao nível do grafismo e da representação de aspectos temporais inerentes à astrologia – neste caso, as efemérides. Essa vertente infográfica veio estimular a complementaridade de dois veios de actividade presentes em mim – as artes visuais e a astrologia – com vista a desenvolver soluções que aproximassem: rigor e intuição, informação e significado, ferramenta e símbolo.
Acima de tudo, o início deste projecto manifestou um impulso para eu realizar algo que contribuísse para percebermos a vivência do tempo a partir de um ângulo espiritual: enquanto condição que nos é dada pelas leis cósmicas para que cada um reúna cada vez mais ‘aquilo que em si vai sendo’, isto é, a sua pessoa no curso da existência ao longo desta encarnação, com ‘aquilo que é’, ou seja, o seu Ser, fonte e origem espiritual dessa pessoa. Ainda sem estar bem ciente disso, procurei algo que contribuísse para uma maior aproximação entre o devir da nossa existência e a realidade da nossa essência, pois em 2013 não era clara para mim, nestes termos, a qualidade desse impulso inicial. Sentia apenas que tinha de me entregar ao processo criativo com dedicação e muita abertura à descoberta. Procurava ferramentas visuais que se adequassem melhor a uma percepção mais subjectiva e intuitiva da informação.
Nos anos que se seguiram, muitos factores confluiram e foram mostrando que o que eu tentava manifestar profissional e criativamente tinha na sua base a busca interior dessa religação à essência.
mandala astrológica

A Mandala Astrológica 2013 é um calendário Solar e Lunar que integra os tempos astrológico e mundano circularmente com transcrição gráfica dos dados das efemérides. Foi criado como veículo agregador de informação através de correspondências geométricas e cromáticas. Sintetiza visualmente o tema e o contexto astrológico do ano facilitando uma leitura mais intuitiva dos dados. Funciona a diversos níveis, do mais pragmático (objecto de consulta para o trabalho/estudo astrológicos) ao mais introspectivo (foco para reflexão e meditação).
Na busca de um elevado grau de coerência interna entre forma e conteúdo, a estrutura e composição da mandala definiram-se segundo parâmetros que reflectem princípios básicos da Astrologia, tal como a importância do Sol e da Lua entendidos como as duas ‘Luminárias’ – o ‘Rei do Dia’ e a ‘Raínha da Noite’, dois pólos opostos e complementares que ocupam lado a lado os seus tronos, correspondentes aos signos Leão e Caranguejo – ou as correspondências entre signos, planetas e as quatro qualidades elementares – Fogo, Ar, Água e Terra. Recorri à geometria sagrada do círculo e uma organização análoga à de uma mandala, enquanto bases para a composição cuja imagem final se foi definindo progressivamente ao longo do trabalho de transcrição gráfica e inserção dos dados.
Ao receber um convite para trabalhar, com base nos pressupostos presentes na Mandala Astro 2013, para o desenho de um calendário em parceria com a Associação Portuguesa de Astrologia tive a possibilidade de desenvolver esse registo infográfico num novo formato, do qual surgiram as edições de 2014 e 2015 do ‘Calendário 4 Estações’. Esta colaboração estabeleceu-se a partir da ponte feita por João Medeiros com a presidente da associação, Isabel Guimarães, aos quais agradeço a possibilidade de concretizar esses segundos passos do projecto Tempo Circular.
A concepção e o desenho da mandala para 2013 estabeleceram a maior parte das soluções gráficas que foram integradas e adaptadas ao formato do calendário em 2014 e 2015 e totalmente redesenhadas para as efemérides de cada um dos anos.
calendário 4 estações








O ‘Calendário 4 Estações’ – uma parceria da ASPAS / raio de seda – adoptou um formato de tríptico vertical articulado, impresso em frente e verso, no qual uma ‘mandala solar’ ocupa a página central de ambos os lados e as restantes quatro páginas reunem as três ‘mandalas lunares’ correspondentes às quatro estações do ano. Uma embalagem protege o calendário e contém editorial, diagrama e intruções no seu interior.
Ao conceber e desenhar o ‘Calendário 4 estações’ a ‘mandala astrológica’ foi adaptada ao formato de tríptico vertical , mantendo a ‘mandala solar’ no centro e re-distribuindo as doze ‘mandalas lunares’ pelas quatro páginas das estações. Este novo formato veio permitir a inserção dos calendários mundano e astrológico com maior detalhe para cada estação.
Aparecem as efemérides sinalizadas dia-a-dia de um lado (mundano) e grau-a-grau do outro (astrológico). Os dias do mês e da semana, indicam o seu planeta regente – 2ª/Lua, 3ª/Marte, 4ª/Mercúrio, 5ª/Júpiter, 6ª/Vénus, Sábado/Saturno, Domingo/Sol . Ao centro estão as datas, hora e signo zodiacal correspondentes ao início das estações – solstícios e equinócios.
Foram publicadas duas edições anuais, uma para 2014 e outra para 2015 e foi também impressa uma tiragem limitada e assinada, de 30 exemplares, da ilustração que serviu de capa à edição de 2015, intitulada ‘Olhar 2015’.


Nesses dois anos ficou tornou-se mais evidente para mim a importância simbólica de três grandes significadores astrológicos relativamente às dinâmicas do tempo – Saturno, Júpiter e Urano – respectivamente ligados a: tempo linear (cronológico)/objectivo e quantitativo; tempo interior (psíquico)/subjectivo e qualitativo e tempo não cronológico – eterno presente – (supramental)/intuitivo e espiritual. O ensaio ‘O Encontro de Cronos e Kairos no Tempo Simbólico da Astrologia’, escrito no período em que Saturno transitava Sagitário, reino de Júpiter, apresentou primeiras ideias nesse sentido.
Destas primeiras etapas do ‘Tempo Circular’ derivaram novas linhas de estudo e de trabalho: simbolismo e geometrias presentes nos glifos dos planetas; percepções de certas geometrias como base abstracta para compreensão mais profunda e articulada da psique; observação de dinâmicas e ciclos que remetem para o âmbito transpessoal (planetas trans-saturninos).
O estudo dos glifos dos planetas e as inter-relações de escala que apresentam vieram aprofundar e consolidar a correspondência identificada anteriormente entre esses três planetas e as dinâmicas do tempo.
Num olhar retrospectivo, a partir do ponto em que me encontro agora, alegro-me por perceber que o núcleo deste projecto se mantém vivo e potencialmente aberto a novas etapas. Agora, que vivemos os primeiros anos de expressão da conjunção de Júpiter e Saturno em Aquário (Dezembro 2020, início de um ciclo de 20 anos e marco de um ciclo dez vezes mais extenso) e que Plutão transita entre o final de Capricórnio (reino de Saturno) e o início de Aquário (reino de Saturno e Urano). As efemérides evidenciam como na actualidade destas duas décadas é importante viver a dimensão cronológica e existencial do tempo conectados com a dimensão supramental do eterno presente. A transformação necessária neste tempos está sublinhada pelo trânsito de Plutão pelo signo do portador da água, onde ambos os planetas significadores dessas dinâmicas temporais se expressam fortemente. A polarização aumenta (antagonismos e impasses Saturno-Urano) com a mesma intensidade com que certas consciências se ampliam (complementaridade e integração Saturno-Urano) e abrem caminho a novos padrões e àquilo que a astrologia enquadra como a era vindoura, a ‘nova era’ – era de Aquário – sucedendo-se aos últimos dois mil anos vividos na era de Peixes, agora em retirada. O desenrolar do ciclo de conjunções sucessivas de Júpiter e Saturno em signos do elemento Ar (cerca de 200 anos) alberga as experiências colectivas e individuais necessárias para efectuar essa passagem.
Como mais recente decorrência deste projecto e do olhar astrológico sobre o tempo, 2022-23 trouxeram à luz uma dinâmica de encontros em grupo denominada ágora, na qual a observação astrológica do ‘agora’ é o centro focal para todos eles (primeiro ciclo experimental em 22 e arranque do projecto no último trimestre de 23). Dessa nova vertente poderá surgir a necessidade de voltar a desenvolver soluções infográficas como material de apoio e síntese, em função dos temas abordados.
artigos relacionados no nosso arquivo
4 comentários em “projecto tempo circular”
Os comentários estão fechados.
acho que quero uma coisa destas. se bem percebi é um calendário anual solar e lunar?
pode contactar-me, por favor?
bom dia Ana,
seguiu resposta por email no dia 17.
obrigada pelo contacto e bom final de semana
patrícia
Bom Dia Patricia,
Estive ontem a assitir a uma palestra do Carlos da Hollanda no Quiron, com a Isabel Guimaraes e tive a oportunidade de conhecer o seu calendário 4 estações. Amei mesmo.
Acho um trabalho fantástico como nunca vi nenhum. Com toda a informação ao alcance da vista, sem ser necessario consultar o calhamaço das efemerides…..
Muitos parabens
Awsome!!!!!
Continue por favor.
Bem haja
Pedro Castro
obrigada Pedro, conto dar continuidade ao projecto em 2015 e as novidades sempre passarão por aqui.