Emergir para uma nova consciência

Por patrícia nb - raio de seda

Emergir para uma nova consciência

Com o Sol já a brilhar no signo do pico desta estação, chegam os impulsos para voltar à tona, após o mergulho que nos levou bem fundo com os primeiros eclipses do ano. Sente-se que chegou o tempo para projectar uma revolução por dentro, em cada um de nós, em consciência e por amor à própria Vida: uma viragem silenciosa mas implacável de abertura em direcção à luz.

«Ao regressarmos à tona, daí [do mergulho nas profundezas] poderemos trazer um olhar mais límpido, uma visão renovada, sem a qual o sentido de um novo início se diluiria, um ano mais, num ciclo de repetições.»

 

Este artigo retoma e dá continuidade aos temas do início do ano astrológico abordado no último artigo «Mergulho num novo início», colocando agora a atenção no movimento ascendente impulsionado, acima de tudo, pela importante conjunção entre os planetas Júpiter e Urano que deu início em 21 de Abril a um novo ciclo de, aproximadamente, 14 anos de interacção entre esses dois astros.

A partir desta conjunção no grau 21 de Touro, concluiu-se um percurso iniciado em 2010/11, que representou claramente um ciclo de despertar para todas as pessoas que estavam maduras e dispostas a abrir os olhos para uma vivência mais intuitiva. Renova-se agora uma proposta que combina os principios expansivos e prospectivos de Júpiter com a energia inédita e reveladora de Urano no signo fixo do elemento terra.

O início deste ciclo, que nos levará até 2037/38, estimula-nos para abrir horizontes que permitam, de algum modo, dar forma, desenvolvimento, estabilização e ancoragem a tudo o que for surgindo como revelação interior, bem como, fortalecer a serenidade e a persistência ao atravessarmos contextos altamente instáveis, imprevisíveis e disruptivos. Os desafios que tudo isso representa permitem a destruição de formatos obsoletos e a quebra de resistências indevidas ao movimento evolutivo que exige a nossa transformação e, como vimos em efemérides recentes envolvendo Quíron, não exime ninguém de um certo grau de desconforto, fragilidade e dor.

Esboçar novas formas, responder a impulsos inéditos

Este ciclo articula-se estreitamente, com a passada conjunção de Urano com o Nodo Lunar Norte, que aconteceu no final de Julho de 2022, no grau 18 de Touro. O desenrolar dos processos de inovação, viragem, renovação e expressão criativa que em 2022 nos fulminaram como um raio, carregaram-nos de uma energia intensa e desconhecida para a qual ainda não tínhamos canal e caminho, isto é, ainda não existia suficiente vontade e consciência que nos permitisse projectar algo novo, nem se reuniam condições mínimas para começar a expressar esse potencial.

No entanto ficámos carregados interiormente, o que nos levou a sentir mais facilmente a aproximação aos nossos limites e sensações intensas de urgência, inquietação, intolerância, revolta, irritabilidade, polarização e rutura. Sentíamos já a necessidade de mudar mas sem poder consciencializá-la ou objectivá-la. O que não impediu que, desde logo, certas situações, experiências e decisões se tivessem despoletado e impactado a nossa vida, o que, em alguns casos, tem trazido vivências mais violentas e traumáticas. Por outro lado, e desde logo também, se intensificaram impulsos estimulantes, libertadores, reveladores, inspiradores, rasgos de criatividade e lampejos intuitivos que trazem vislumbres do futuro como um potencial «salto quântico» para a nossa consciência, com as devidas consequências na vida prática.

A extensão desse ciclo permitu, desde logo, perceber que as grandes mudanças interiores e exteriores implicadas se iriam mostrar gradualmente e sem contornos muito definidos antes de 2025. Sendo Urano o regente moderno de Aquário, também percebemos que tanto o ciclo inciado em 2022 como o que este ano começa, acompanham estreitamente boa parte das primeiras duas décadas do grande ciclo de Ar marcado pelas conjunções Júpiter-Saturno a partir da de Dezembro de 2020, em Aquário, e pelo trânsito de Plutão por esse mesmo signo a partir de 2023/24 e até 2043/44.

A actual articulação dos dois ciclos faz com que seja possível começar a esboçar novas formas e a delinear projectos e estratégias, o que implica etapas de descoberta e preparação para o que, num quadro de médio e longo prazo, possamos vir a realizar nos tais novos moldes. Nesse sentido estamos a aprender a responder com uma nova atitude e acções práticas aos impulsos inéditos que já estão presentes e a encontrar flexibilidade e persistência para aceitar condições intermédias e situações temporárias, através das quais possamos gerir melhor o caos e a imprevisibilidade dos tempos que correm, dificultando-nos, por agora, o caminho.

Criar espaço para a descoberta e novas aprendizagens

O período que leva até a Setembro de 2027 é, por excelência, uma fase que exige um trabalho simultâneo de descoberta e novas aprendizagens, lado a lado com a criação do devido espaço para o seu desenvolvimento. Para tal, é indispensável acompanhar estes três anos com uma suficiente resolução e integração do passado, numa síntese de aprendizagens que seja aplicada como sabedoria na vivênvia das situações actuais. Aplica o que aprendeste e tudo o mais que não confirme valor e utilidade agora, deixa ir. Se resolver e integrar questões do passado cria espaço necessário para algo novo, simplificar permite encontrar tempo para o que é válido e prioritário nesse sentido.

A curto prazo, a retrogradação de Plutão e o período em que fará o último trajecto pelo signo de Capricórnio – Setembro a Novembro 2024 – aponta para este processo e para situações que tenham surgido ou entrado em pico a partir de 2008/09. O trajecto final de Neptuno em Peixes e, particularmente, a vindoura conjunção Saturno-Neptuno no início de Carneiro, em 2025, acrescem a esta etapa o longo processo de limpeza e purificação emocionais que já vinha desde 2011/12 e que tem sido mais intenso desde o ingresso de Saturno em Peixes, em Março de 2023.

Tudo a postos em Maio

Com o fim da retrogradação de Mercúrio e o terceiro momento da sua conjunção com Quíron, acompanhados pelo ingresso de Vénus e Marte em signos do seu domicílio, as condições e capacidade individuais para progredir em certos passos de cura e de melhor gestão de processos dolorosos e fragilizantes melhoram. É possível avançar com certos passos de cura e apaziguamento que estiveram mais comprometidos desde meados de Março.

Podemos, com braçadas determinadas e seguras, retomar o movimento ascendente e regressar à tona. E com o olhar clarificado pela travessia das sombras que temos vivido, avaliar um novo horizonte e novas tonalidades da luz que mostrarão como começar essa revolução interior e a viragem silenciosa rumo à libertação de algumas ciclicidades repetitivas e de certos padrões cristalizados.

A qualidade, a fertilidade, a segurança, a abundância, o valor, a beleza, a arte e a paz aguardam uns passos adiante nestes trilhos que temos por descobrir, sob novas e surpreendentes formas de conciliação e regeneração da matéria e da nossa relação com a fisicalidade, os bens materiais, o habitat, o território, a natureza, os recursos, o ecossistema. Nada disto é garantido mas é, garantidamente, uma boa utopia. Sem utopia e estratégia, possibilidades práticas de melhoria sucumbem antes mesmo de poderem tomar forma. Porque não tentarmos o nosso melhor, como quem semeia algo são no mundo?

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No próximo encontro aberto do dia 09 de Maio, ágora 06 – Júpiter-Urano: Horizontes de revelação e novas aprendizagens, vamos abordar estes temas, complementando a última sessão e as questões marcantes do início do ano astrológico. As inscrições estão abertas aqui e a sua presença será muito bem-vinda. Mais informação no artigo relativo ao evento.

As inscrições para este evento já fecharam. Pode pedir o acesso à gravação deste e de outros encontros através da página de arquivo do projecto ágora. Obrigada pelo seu interesse.

mapear o céu por dentro

Qualquer sentido interior é um sentido para um sentido.

Novalis

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patrícia nazaré barbosa

Activa na vertente de aconselhamento baseado na astrologia psicológica e transpessoal desde 2010. É uma 'astróloga acidental' que deu por si, enquanto tal, decorrendo da sua busca de auto-observação, compreensão e transformação pessoais para além do sistema de crenças que conhecera até então. Iniciou estudos aos 33 anos, a par com a prática como artista plástica, área na qual é licenciada pela FBA-UL. Consolidou a sua formação de base em 2007-2011 (CEIA, João Medeiros), com aprofundamentos posteriores em diversos contextos e estudo contínuo como auto-didacta. Encontra referências complementares no âmbito da Psicologia Jungiana, da Psicosíntese e no enquadramento filosófico-espiritual da Cosmosofia. São a própria prática e a abertura ao nível intuitivo que melhor a têm ensinado a ir ao encontro de quem a consulta mas valoriza bastante os intercâmbios, sinergias e colaborações que vão surgindo junto de outros praticantes e profissionais. [N. Santarém, 1974] É membro da ASPAS e da ISAR.

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