‘sunshine on a rainy day’

Por patrícia nb - raio de seda

A chuva cai intensamente, o Outono reafirma-se de dilúvio em dilúvio no seu percurso anual pela energia de Escorpião. O poder curativo da água, a regeneração emocional.

Neste dia cinzento apeteceu-me falar do Sol. Da nossa estrela, centro do sistema onde navegamos na nossa querida casa, o planeta Terra.

Tudo gira e gira ainda a cada vez que nos posicionamos num outro centro. Corpo, país, continente, planeta, sistema solar, galáxia, via láctea… E aparentemente quietos em frente a um écran de computador, viajamos a uma velocidade estonteante pelo universo fora.

Quando era pequena tinha uma brincadeira muito divertida, inspirada pelo amor pela ficção científica e um apelo (provavelmente inato) pelas viagens. Nem que sejam só na imaginação. Brincava então às naves espaciais num registo ultra-minimalista que consistia muito simplesmente em imaginar-me numa nave espacial a querer aterrar com sucesso num planeta. A cozinha era o sítio ideal porque o pavimento era de ladrilhos quadrangulares. Punha-me a andar à roda até ficar completamente tonta e, nesse período de turbulência do equilíbrio, encenava a perigosa aterragem da nave no planeta-quadrado-de-um-dos-ladrilhos. E lá comandava a nave até parar no centro do quadrado. O que nem sempre era uma aventura bem sucedida.

Isto tudo a propósito de girar e do Sol. E há um motivo – a questão do centro e da importância de nos sabemos posicionar precisamente aí. A astrologia vem, muitos anos mais tarde, relembrar a questão fundamental do nosso centro – o Sol e como o estudo do mapa natal é uma ferramenta muito útil para reconhecê-lo e ligar todas as energias planetárias em torno dele

Se quiser aterrar a minha nave espacial com sucesso nalgum território conhecido ou desconhecido não vou conseguir fazê-lo a não ser que esteja centrada, no comando de mim. E também convém conhecer bem as características da minha nave. Porque nalguns dias mais cinzentos, quando os raios do Sol não chegam directos ou um período de escuridão se impõe, convém conseguir projectar ainda assim, o seu brilho para além desse véu. Senão vou dar por mim em desequilíbrio, sacudida pelos múltiplos movimentos giratórios do mundo e da viagem universal, lançada para dentro de alguma máquina de lavar juntamente com a roupa suja, a minha e muita alheia também.

Desde que comecei a estudar astrologia, aprofundei mais o caminho do auto-conhecimento e conheço um pouco melhor o meu centro, o brilho do ‘meu’ Sol e as relações harmónicas e dissonantes se criam em torno, ao longo do tempo. E chegou a uma altura em que se impunha estender essa ferramenta para além do auto-conhecimento e ajudar outras pessoas a reconhecerem e intensificarem os seus próprios processos. Comecei a estudar mapas e a fazer sessões de astrologia em torno deles. Estou muito grata por toda a aprendizagem que daí tiro e por ter assim oportunidade de contribuir de algum modo para despertar e catalisar a auto-consciência. Nada mais que um acesso à luz e energia abundantes que cada pessoa tem em si.

Um Sol em Escorpião reclama o mergulho emocional interior, a viagem pelo universo dentro, que nos faz renascer mais puros e criar laços emocionais profundos e verdadeiros com os outros. Essa é uma das manifestações mais luminosas da sua energia. O brilho intenso mesmo na escuridão mais profunda.

Cada um de nós é um centro do universo e é responsável criativamente pela sua manifestação. Se o mundo em torno não parece bom ou justo, há o primeiro e fundamental passo de nos colocarmos no nosso centro e mudar esse mundo. Basta refrescar olhar, modificar atitudes e já se sente um ‘cheirinho’ do nosso poder mágico e criativo.

Se derem um pequeno-grande passo na vossa mudança interior em resposta ao aparente caos exterior, sabem do que falo… E se a astrologia vos parecer um bom meio de ‘cartografia’ interior, cá estou para dar o melhor contributo que sei.

Imaginem o Sol brilhante, luminoso e quente que está acima das nuvens e faz as gotas de chuva brilhar no espectro do arco-íris quando encontra uma aberta  :). Quando a noite cai, imaginem o seus raios a iluminar o outro hemisfério terrestre.

Feliz continuação de Outono.